As causas e tratamento

As causas e tratamento

As causas desta perturbação não são totalmente conhecidas. Pensa-se que os factores genéticos tenham um papel importante, estudos revelaram que 20 a 30% dos pais de crianças hiperactivas manifestaram também comportamentos hiperactivos durante a sua infância. Também os factores ambientais quer na gestação, quer durante a infância podem estar implicados.
Sabe-se também que algumas lesões do sistema nervoso central, causadas por trauma ou exposição a álcool e outros tóxicos durante a gravidez podem predispor a esta patologia. Todavia também ocorre em crianças em que não se apura nenhum destes factores. Sabe-se que a estrutura cerebral das crianças com PHDA é normal, mas não o seu funcionamento; as crianças com Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção não produzem substâncias químicas suficientes em áreas chave do cérebro que são responsáveis pela organização do pensamento. Sem estas substâncias, os centros responsáveis pela organização do cérebro não funcionam correctamente. Não existe nenhum sinal físico nem alteração de resultados de análises que possam confirmar ou negar este diagnóstico. É importante sublinhar que a hiperactividade não é provocada por uma educação inadequada, embora uma vida familiar e um ambiente escolar desorganizados possam agravar os sintomas.

O tratamento passa por dois aspectos fundamentais:
- A terapia comportamental;
- O recurso a medicação estimulante quando tal se justifica.

Terapia Comportamental.
Deve tentar-se modificar o funcionamento familiar, ou seja, alterar a rotina instituída por forma a adaptar-se o ambiente familiar às necessidades de acompanhamento particulares da criança. Os pais devem dirigir-se às crianças com ordens simples, claras e poucas de cada vez, evitar as críticas frequentes, evitar o excesso de fadiga e compensar os esforços da criança, mesmo que sejam apenas parcialmente eficazes, com reconhecimento, apoio e elogios. Todas as crianças têm uma área onde se sentem mais capazes. A estas crianças deve ser dada a oportunidade de demonstrarem a sua área “forte”.

Outro aspecto relevante é a capacidade de integração ser incentivada.
É por vezes difícil para as crianças com PHDA aprenderem regras sociais. É necessário ter cuidado na selecção de companheiros de brincadeira. Uma sugestão poderá ser convidar 1 ou 2 amigos no máximo ao princípio. Vigiá-los enquanto brincam e recompensar a obediência às regras de jogo. Principalmente, não permitir gritos, empurrões ou agressões.

Tratamento farmacológico.
Pode haver indicação para serem administrados medicamentos ditos “estimulantes”, nunca como único tratamento, mas sempre em associação com as medidas que falámos. Estes são medicamentos com acção comprovada a curto prazo, com melhoria dos sintomas principais que abordámos. São medicamentos seguros, com raros efeitos acessórios, que necessitam de uma prescrição médica especial e cuja administração deve ser sempre ponderada caso a caso.

Relação com a Família e Apoios Institucionais

5.1. Relação com a família
5.1.1. Pais
Quando os pais descobrem que um filho sofre desta perturbação (Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção, PHDA ou sofram de DDAH) é difícil e embora cada pai e mãe reaja de maneiras diferentes a notícia apresentada, uma das questões que lhe passa pela cabeça é “como é que posso ajudar o meu filho?”.
5.1.1.1 Os Pais e o Ambiente
O ambiente em que uma criança se desenvolve é muito importante, para tal é importante que os pais criem um bom ambiente. Uma das coisas que podem fazer para tornarem o ambiente melhor é o facto de os pais trabalharem juntos no “combate” da doença, é mais fácil para os pais se não estiverem sempre em desacordo, assim podem ajudar-se mutuamente e criam um melhor ambiente para o seu filho se desenvolver.
Um outro aspecto que ajuda é o facto de os pais deixarem de se sentirem culpados com a situação e a encararem, embora seja difícil, devem procurar o máximo de informação possível sobre o a PHDA e procurar a ajuda de especialistas, de modo a saberem qual a melhor estratégia para aquela determinada criança, aceitando opiniões sem nunca esquecer que a última palavra é de ambos os pais.
Para além disso os pais podem ajudar melhor os seus filhos senão se esquecerem que eles também têm necessidades de forma a estarem no seu melhor de modo a enfrentarem melhor a doença.
5.1.1.2. Os Pais e a Criança
5.1.1.2.1. Explicar à criança
Normalmente os médicos explicam à criança a condição que esta tem, contudo os pais devem estar à vontade de falar com a criança sobre o PHDA, onde devem ser honestos e claros sempre que possível com a criança sobre o PHDA e nos tratamentos a utilizar, embora haja factores que condicionam a quantidade e o tipo de informação que é fornecida à criança por exemplo vai depender da sua idade, da sua situação, do à vontade dos pais, entre outros, por isso as informações e explicações devem ser no nível e tempo certos.
Os pais devem relembrar os seus filhos das suas qualidades, que da sua inteligência e que o cérebro deles permite-lhes fazer grandes coisas embora nem sempre “está a funcionar bem”, devem enfatizar que as crianças não são lentas nem retardadas apenas significa que tem dificuldades e que para serem superadas a informação tem que ser dada mais devagar. Fale com o seu filho de possíveis aspectos positivos que a perturbação possa ter, dando exemplo de que muitas crianças e adultos, com PHDA, estão bem na vida e que usaram as características da perturbação em seu favor. Relembrar os filhos que não são os únicos a ter esta doença e que existem várias outras pessoas na mesma situação.
Para além do já referido existem outras analogias que podem ser utilizadas:
 A comparação “short-sightedeness”: os pais aos filhos podem explicar que por exemplo, pessoas cujos olhos “não funcionam bem” necessitam de óculos para “funcionar bem” tal como o cérebro deles é (como os olhos “não funcionam bem”) necessita da medicação (“óculos do cérebro”).
 O motor do carro com a vela de ignição mal colocada: esta analogia é muito utilizada em rapazes o que lhes permite associar que se o motor não funciona correctamente há que se colocar a vela correctamente e o mesmo com eles e com o seu cérebro.
 Vírus nos computadores: um vírus interfere com o funcionar do computador tal como a perturbação interfere com a criança.
 Um rádio mal sintonizado: a música não se consegue compreender e é necessário sintonizá-lo.
 Um carro sem travões


5.1.1.2.2. Lidar com o dia-a-dia: Conselhos e estratégias

Para além do que já se referiu os pais devem enfrentar um dia de cada vez aceitando que a criança sofre da perturbação e fazer as mudanças necessárias para a ajudar. Agora vamos falar algumas estratégias e concelhos que podem ser aplicados no dia-a-dia, atenção que cada criança é diferente e as estratégias que são úteis numa não o são na outra, no entanto aqui ficam estratégias e concelhos gerais que podem ser usados:
 Lembrar que existem e vão existir dias bons e maus, mas que a culpa não é dos pais ou da criança;
 É essencial ter regras e limites firmes;
 Ter uma rotina, de preferência simples, ajuda a por menos pressão na memória da criança e a estruturar a sua vida, mas como já foi mencionado em alguns casos pode ter outro efeito;
 Fazer um pedido, dar uma ordem ou instrução um de cada vez e de forma clara;
 Disciplinar o tom de voz torná-lo menos emotivo
 Elogiar o bom comportamento (reforço positivo)
 Não perguntar por que é que a criança fez aquilo
 No caso da aplicação de um castigo, fale com a criança de forma calma e objectiva e explique-lhe o porquê
 Evitar o castigo físico (agrava a situação e favorece a baixa auto-estima).
 Evitar discutir com a criança
 Prestar atenção à criança
 Não ignorar o comportamento difícil
 Se a criança for realizar uma tarefa que necessite concentração, devem ser eliminados todos os estímulos externos, visuais ou auditivos que a possam distrair.
 Organização do estudo da criança onde esta deve estudar por breves períodos de tempo
 Supervisione regularmente o adolescente/criança
 Os pais se sentirem necessidade devem participar em grupos de terapia onde estão outros pais com crianças em situação semelhante

5.1.2. Outros Familiares
Explicar a outros familiares que a criança sofre PHDA é complicado, por isso os pais têm de ver qual a melhor forma de contar tendo em conta o familiar em questão. Os pais não devem ficar surpresos ou sem coragem se alguns se manifestarem cépticos ou estiverem em desacordo com a explicação que lhes estiverem a dar, pois na maior parte das vezes vão aceitando à medida que o tempo passa e vêem melhoras. No entanto, é importante frisar o cuidado que se deve ter ao explicar de modo a evitar mal-entendidos. O PHDA afecta todos os membros da família. Criando um ambiente amigável para a pessoa com PHDA, os pais, avós, irmãos e outros parentes podem minimizar os efeitos do PHDA na família.

5.1.2.1. Irmãos
Os irmãos das crianças sofrem frequentemente, directamente ou indirectamente, quando o irmão ou irmã sofre desta perturbação. Um dos factores é o facto de se terem que aplicar estratégias num irmão com défice de atenção que no outro não se aplica, o que pode causar como que um fosso entre as dois irmãos, em que sentem que são postos de parte pelos pais que dão mais atenção ao outro irmão, o que sofre de PHDA. Para evitar esta situação os pais devem explicar ao seu filho que o irmão deste sofre de uma doença e que precisa de determinados cuidados, sempre assegurando que também lhe dão atenção e que gostam dos dois da mesma forma, podem também levar o irmão a uma consulta do irmão com défice para que este fique a perceber melhor o que se passa com o irmão.
5.1.2.2. Avós
Podem ter dificuldade em aceitar os conceitos de PHDA, mas é importante darem o seu apoio à família e evitarem fazerem com que os pais se sentiam culpados e evitarem porem o neto de parte por ele ser como é, tentarem aceitar que este tem uma condição específica. Em alguns casos leva algum tempo para os avós verem melhoramentos e aceitarem o diagnóstico. Por outro lado em alguns casos as crianças com PHDA comportam-se melhor quando se encontram junto dos avós.
Em suma, os avós devem ajudar o neto durante o seu desenvolvimento, aceitando o diagnóstico e aprendendo a viver com ele.
5.1.3 Conclusão relação com a família
Concluindo “O PHDA afecta todos os membros da família. Criando um ambiente amigável para a pessoa com PHDA, os pais, avós, irmãos e outros parentes podem minimizar os efeitos do PHDA na família”.

5.2. Apoios Institucionais
5.2.1. Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva
A Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva (APCH) é uma organização sem fins lucrativos que nasceu com objectivo apoiar crianças com (PHDA), Pais e Professores, de forma a poder intervir nos vários contextos onde a criança se desenvolve e se encontra inserida.
A APCH realizou o projecto “Estar atento é crescer melhor” que tinha como objectivo sensibilizar e ajudar a comunidade escolar de modo a contribuir para o sucesso escolar das crianças com défice de atenção/hiperactividade com a colaboração de especialistas.
A APCH está envolvida em campanhas de sensibilização como por exemplo juntamente com as farmácias portuguesas

Como devem os professores lidar com alunos com PDAH e que apoios devem ter a escola

A Desordem por Défice de Atenção com Hiperactividade (DDAH) é uma perturbação que se caracteriza por défice de atenção/concentração, impulsividade e/ou hiperactividade/actividade motor excessiva. Esta torna-se aparente nas crianças em idade pré-escolar e ensino primário. Embora a Escola Secundária de Miraflores não lide com estes anos, terá que ocorrer uma preparação dos professores, de modo a conseguir ajudar os alunos em causa.
Muitas das crianças com DDAH apresentam dificuldades a nível da leitura, ortografia, escrita, matemática e linguagem devido aos seus problemas de atenção, memória e escasso controlo dos impulsos.
O défice de atenção implica uma dificuldade em seleccionar os estímulos de forma dita adequada. Quando a informação chega a estes alunos, eles fixam-se em detalhes mínimos e não são capazes de apreender a ideia geral. Também se cansam facilmente em trabalhos que exijam a sua concentração.
A maioria destes alunos tem dificuldades em recordar instruções e em reter informação sequencial, bem como em reter vários tipos de informação ao mesmo tempo. Como por exemplo, se não formos capazes de representar mentalmente vários números, não é muito fácil executar cálculos mentais.
Estes alunos podem apresentar, então, dificuldades de aprendizagem, baixa auto estima, problemas emocionais, problemas de comportamento e de personalidade, e dificuldades nas relações familiares e sociais.
Assim, para que estes alunos tenham o máximo de rendimento, há que fazer algumas adaptações na sala de aula de modo a proporcionar o melhor ambiente ao aluno com DDAH.
As crianças com perturbações nestas áreas funcionam melhor se o ambiente for previsível, se respeitar rotinas facilmente compreendidas pela criança e se induzir sentimentos de conforto, de estabilidade e de segurança, isto é, se for um ambiente bem estruturado.
Os alunos com DDAH trabalham melhor numa atmosfera tranquila, quando recebem atenção individualizada e estão inseridos numa turma pequena.
O melhor local para sentar o aluno é colocá-lo nas primeiras filas, junto a alunos tranquilos, próximo do professor, sem grandes fontes de distracção. Para isso também ajuda manter a área de trabalho livre de material desnecessário e desaconselhar estojos muito sofisticados. Poderá ser necessário criar na sala de aula um lugar tranquilo com poucos estímulos para que o aluno se acalme ou possa elaborar trabalhos que exijam mais concentração.
Estes alunos necessitam de um conjunto de regras claramente enunciadas e recordadas regularmente, bem como de rotinas. Os alunos com DDAH não encaram com facilidade os imprevistos, devendo o dia ser planeado.
As tarefas complexas ou longas devem ser divididas em pequenas partes, para que o aluno possa distribuir o tempo pela tarefa que tem, estabelecendo uma ordem de prioridade.
Quando o aluno tem dificuldades em terminar tarefas, pode-se adoptar por várias estratégias: reforçar comportamento desejáveis (ignorar os indesejáveis), utilizar um tom de voz tranquilo mas firme e expressões enfáticas. É extremamente útil estabelecer contacto ocular com o aluno, para mostrar a este que lhe dá atenção.
Em relação à memória, uma das maneiras de auxiliar a memória do aluno é incentivar a utilização de palavras-chave, imagens, mnemónicas, agendas, etc.
Os alunos com DDAH têm a tendência para ler mal as perguntas, distribuir mal o tempo e frequentemente têm dificuldades na expressão escrita e na caligrafia. Necessitam de serem auxiliados a estudar, a tirar apontamentos, resumir, sublinhar, ler perguntas com cuidado, estruturar respostas e distribuir bem o tempo.
Em termo de avaliação, estes alunos tendem a ser muito negativos e não acreditam nos elogios que os professores e colegas possam fazer deles.
O grande problema é que o aluno não tem um grande rendimento, apesar da sua capacidade intelectual. Assim, algumas adaptações no sistema de avaliações do professor devem ser feitas, como ter mais tempo para os testes, facilitar que alguém possa ler as perguntas ou as escreva ou permitir o acesso a computadores ou mesmo a gravações. É importante que o aluno vá tendo provas dos seus progressos.
Uma vez que a DDAH se associa frequentemente a dificuldades específicas da aprendizagem, muitos alunos necessitam de apoio a nível das competências de leitura, escrita, matemática e linguagem. Contudo, não se deve sobrecarregá-lo com actividades académicas que podem aumentar a sua noção de fracasso e permitira o acesso a outros tipos de actividades extracurriculares.
É bastante importante reter que o aluno com DDAH precisa de se movimentar. Assim, convém dar ao aluno tarefas que impliquem actividade motora.

Sintomas/comportamento

Défice de atenção, como o nome indica é um problema relacionado com a atenção que vai para lá do normal. Não é curável, mas pode-se controlar através de medicação e acompanhamento.
Quando nos encontramos perante um aluno com os seguintes sintomas/ comportamentos, podemos afirmar que este é um aluno com défice de atenção.

• Facilidade com que se distrai.
• Desorganização
• Esquecimento
• Dificuldade em seguir instruções
• Facilidade em perder objectos
• Facilmente se esquece de actividades rotineiras
• Evita tarefas que necessitam de esforço mental
• Dificuldade em realizar as tarefas em casa

Os sintomas/ comportamentos acima referidos estão principalmente relacionados com o défice de atenção sem hiperactividade.
É bastante evidente que através dos comportamentos acima referidos é fácil identificar uma pessoa que tenha défice de atenção, no entanto, o diagnóstico deve ser feito por profissionais, neurologistas, psiquiatras ou pediatras, os quais, através de exames determinam se o paciente tem ou não défice de atenção.

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